Considero o ballet, tanto o clássico como o moderno, a mais perfeita forma de arte. Combina dança com música e artes cénicas, desde a representação aos pormenores das luzes e dos guarda-roupas. É o elogio máximo à beleza do corpo humano, da sua expressividade e força. Acredito sinceramente que um bom pas-de-deux pode dizer mais sobre uma relação humana do que qualquer livro, poema, filme ou psicólogo.
Arrependo-me todos os dias de ter trocado as sapatilhas pelas leis, mesmo sabendo que ser bailarina não é uma profissão fácil, especialmente em Portugal onde os orçamentos e o público são limitadíssimos: é cliché, mas é verdade.
Numa tentativa de incentivar o público – aka. o caro leitor –, recomendo vivamente o novo espectáculo da Companhia Nacional de Bailado: são três coreografias com músicas belíssimas, tocadas ao vivo, que nos desafogam a alma de todos os pesares da semana. Rendi-me, em especial, ao “Lento para quarteto de cordas” do Vasco Wellenkamp. A música é de Anton Webern que – confessando a minha ignorância – apenas descobri nesta ocasião e ilustra um pas-de-deux de arrepiar. Ela, magra, fantasmagórica, com um longo vestido vaporoso. Ele, alto, escuro, uma força negra que a apoia, seduz e corrompe. Segue um aperitivo com a nota de que, obviamente, isto ao vivo é outra coisa. Enjoy:
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