Wednesday 16 April 2008

O papel. Qual papel?!

Burocracia, diz a altamente fiável Wikipédia, vem do “termo latino burrus, usado para indicar uma cor escura e triste, que teria dado origem à palavra francesa bure, usada para designar um tipo de tecido posto sobre as escrivaninhas das repartições públicas”. Parece-me correctíssimo. Associo, de facto, burocracia a burros, escuridão e tristeza. E, tal como no sketch dos Gato Fedorento, a papel. Muito papel.
Point in case: estou, por obrigação e não escolha livre, vinculada a uma Ordem profissional, à sede da qual tive de me deslocar no outro dia para me inscrever no chamado “Exame de Agregação”.
Julguei, estupidamente, que bastaria pouco mais do que os 15 relatórios obrigatórios, as declarações de patrono e pronto, estava o assunto resolvido.
Que ingénua! Era preciso, de facto, os 15 relatórios mais as diversas declarações, o que perfazem 20 documentos, mas tudo em duplicado: 40 documentos, portanto. Acrescem diversos requerimentos de inscrição em que dou todos, mas todos os meus dados pessoais, pouco faltando para lhes comunicar também o meu tipo sanguíneo, o nome do rapaz que me tirou a virgindade e o meu tamanho de soutien! Já vamos em 45 documentos… É ainda preciso a minha certidão de nascimento, de registo criminal, fotocópia do BI e 3 fotografias. E ainda, in loco, assinar mais 3 documentos.
Ou seja, entreguei um total de 51 documentos. Cinquenta e um!! O mais absurdo é que tive ainda de entregar um CD-ROM que continha toda esta documentação em suporte digital. Mmmmm, estranho, sempre julguei que estas “modernices” dos “suportes digitais” serviam, justamente para evitar papelada, mas pelos vistos é cumulativo.
Finalmente, a cereja em cima do bolo: pagar a módica quantia de 400€ à dita digníssima instituição. 8€/peça, mais coisa menos coisa.

Honoré de Balzac disse que "a burocracia é uma máquina gigantesca controlada por pigmeus". As senhoras lá da secretaria não eram muito altas, lá isso é verdade...

1 comment:

  1. Estás com sorte... No meu tempo ainda se fazia leitura de retina e tinha que desenhar a árvore genealógica da minha família até 1814... Vivó SIMPLEX!

    ReplyDelete