Há todo um fenómeno em relação às horas em Portugal que – pessoa pontual que sou – me faz uma confusão imensa. Em boa verdade, as horas são uma coisa meramente indicativa: se o jornal diz que o filme passa na televisão às 22h15, não vale a pena ligar a dita antes das 23h porque entre anúncios e atrasos, o filme só começa já perto da meia-noite. Se o concerto é às 21h, não jantem a correr porque os primeiros aplausos só vão soar já passa das 22. Se a reunião é às 9h30, basta sair de Cascais às 9h15 porque conseguimos, pela A5 e em hora de ponta, chegar a Lisboa mais do que a tempo… Os médicos então devem viver com o fuso horário de Nova Iorque porque se a minha consulta está marcada às 14h, sou atendida com cinco horas de atraso... mas pontualíssimo em NI! E nas combinações das boleias para o jantar de amigos ainda me pasmo com o “Mas a que horas é o jantar? Às 21h30? Então às 21h45 passo a buscar-te”.
Reparem, também eu recuso-me a ser a primeira a chegar à festa, também eu gosto de fazer as coisas com calma e desprezo a falta de flexibilidade nos horários! Mas há uma diferença entre o cool do fashionably late e o late "estás à minha espera à muito tempo? – Nãããooo, estas raízes a sair do spé e as teias de aranha no cabelo é normal...".
Pontualidade é a arte de não desperdiçar o tempo alheio. Aprendam esta arte que é bem mais fácil e respeitadora do que a de pintar nus. Ou a de fazer mímica…
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