Friday, 24 September 2010

Money Never Sleeps... But Apparently Oliver Stone Wants His Audience To...



Fui ver ontem, a convite de um banco concorrente, a sequela do Wall Street de Oliver Stone, o Money Never Sleeps, numa sala cheia de suits e senhoras com ar de quem tem cartão fidelidade na Stivali, armadas de Birkins e Louboutains.
O filme é, como se diz na gíria, uma banhada.
Como sequela, Money Never Sleeps não acrescenta nada ao primeiro Wall Street. A premissa é exactamente a mesma: um jovem ambicioso e brilhante quer ganhar fortuna e consegue-o mas perde pelo caminho os ideais em troca de ganância. Há uns vilões, que acendem charutos com notas de 100 dólares, e uns heróis, que não se deixam corromper pela mesquinhez e continuam a acreditar num mundo melhor. Yaaawn! What else is new?





As referências ao primeiro filme são excessivas. Oliver Stone faz questão de nos relembrar durante todo o filme que estamos a ver uma sequela. Estivesse eu a dar um seminário sobre “Como Fazer Sequelas” ensinaria isto como regra de ouro: nunca façam do vosso filme apenas uma sequela. Ainda que tenha partido de outro filme, tem de ser uma obra independente, tem de valer por si, tem de ser bom por si só. Nada disto acontece no Money Never Sleeps. Relembram de forma muito pouco subtil o filme original (pouco falta para o Michael Douglas sentar o Shia LeBeouf no colo e dizer “Então vou-te contar, meu filho. Há muito, muito tempo…”), enfiam lá pelo meio o Charlie Sheen num cameo digno de sketch (sobretudo porque aparece ladeado de duas put… desculpem, senhoras) e devem ter contratado os argumentistas mais preguiçosos do mundo porque a história não tem absolutamente nada de inovador. A única diferença é que este Wall Street se passa em 2008 e mostra o behind the scenes da crise do sub prime e o consequente credit crunch. O que podia ser um factor interessante (eu pelo menos acho sempre curioso ver como é que Hollywood retrata eventos históricos recentes, sobretudo quando me afectam directamente) torna-se numa explicação simplista, moralista e redutora. Os brokers falam entre eles de CDS, CDO, leverage, moral hazard, a definir estes termos que, entendo, o espectador tem de compreender, mas fazem-no de uma forma tão pouco natural e inverosímil que chega a ser paternalista… Na minha opinião, o filme ganhava muito com um narrador em voice over.
E, como cereja no cimo do bolo, o Oliver Stone faz uns quantos cameos que conseguem ser ainda mais ridículos que o do Charlie Sheen e provocou um WTF?! geral na sala de cinema.
Por fim, a Carey Mulligan, que faz de love interest do protagonista e filha do Gordon Gekko, passa o filme a chorar. A sério, acho que não há uma única cena em que ela não chore.
Posto isto, o filme consegue arrancar três pontos positivos. Primeiro, a excelente banda sonora que é composta exclusivamente por músicas do David Byrne. Clap, clap, clap! Segundo, a cena inicial, quando o Gekko sai de prisão e lhe devolvem os pertences, reencontramos o magnífico e gigantesco telemóvel capaz de provocar hérnias a quem nele falasse. Clap, clap, clap outra vez! Terceiro, o Shia LeBeouf. *Sigh* (mãos debaixo de queixo a olhar para o infinito). Não consigo muito bem explicar a minha paixão pelo Shia mas desde que o vi no Disturbia que achei que aquela beleza invulgar uma coisa inesquecível. E neste filme ele perde o ar de puto que tinha nos papéis anteriores e fica ainda mais apetecível… E sabiam que ele começou a carreira a fazer stand up? Claro que não sabiam porque vocês não conhecem o Shia como eu o conheço!! And turn off psycho stalker mode.
Vou à festa da Time Out embebedar-me. Bom fim-de-semana!

2 comments:

  1. Fui ver ontem. Acho que foi a primeira vez que vi um filme em que acho que os actores estavam todos lindamente e o filme continuava a parecer uma cowboyada sem graça (shame on you, Mr. Stone!). E a Carey Mulligan deve ter chegado ao fim das filmagens desidratada...
    Já agora, o teu título para este post é dos melhores de sempre. Na mouche, como sempre.

    ReplyDelete