Idos vãos os dias em que os Óscares tinham alguma credibilidade. Já há uns anos que não ligo àquela que é supostamente a mais prestigiada entrega de prémios da 7ª arte, precisamente porque se venderam a critérios económicos e promocionais, em detrimento do mérito e qualidade cinematográfica. O cúmulo foi no ano em que o Titanic arrebatou aí uns 94 Óscares (sou capaz de estar a exagerar mas o número não anda muito longe disso) que é dos piores filmes de que há memória.
A par dos festivais de Sundance e Cannes, que muito respeito e têm feito sempre, em meu entender, apostas certeiras, prezava os Golden Globes que costumavam ser justos e com o melhor desfile red carpet deste tipo de eventos. A verdade é que até os melhores desiludem e os Golden Globes este ano não foram excepção.
Vi ontem a cerimónia (já agora, uma nota de agradecimento ao MEO que me permite gravar o directo, dar-me uma noite de sono, ver em diferido e fazer fast forward nos discursos de seca e nos intervalos de 5 minutos) e fiquei francamente decepcionada com o rol de vencedores nas categorias do cinema e ainda mais frustrada com os vestidos das estrelas alegadamente fashion savy. WTF?! O que é que aconteceu?
Drogaram a Kate Hudson para a enfiar naquele vestido e sapatos brancos, só pode. Vestido esse que é da Marchesa BRIDAL. Sim, BRIDAL! "Mmmm, o que é que posso levar a uma festa de gala? já sei, um vestido de noiva!" Bah!, poupem-me!
A minha adorada Penelope Cruz estava cor-de-laranja e mais parecia uma Miss Venezuelana do que uma estrela de Hollywood.
O cabelo da Drew Barrymore - por amor de Deus, o que é que era aquilo? - e o vestido: é impressão minha ou aquilo era road kill que ela tinha no ombro esquerdo?
Até a minha querida January Jones, que brilhou radiosamente no ano passado, desiludiu com uma bandolete do tamanho do Vaticano e um vestido sem graça…
E o prémio “Maquilhagem Mais Ridícula da Noite” vai direitinho para a Sofia Loren. És um ícone, tudo bem, é indiscutível, mas aquela sombra nos olhos e aqueles óculos à Dame Edna, não dá com nada. Muito menos com os teus 70 e tal anos.
Como já não deve ser novidade para ninguém, o prémio mais cobiçado de melhor drama foi entregue ao Avatar (ou “Avada”, segundo a pronúncia do Schwarzenegger). Sim, leram bem, aquele filme em 3D com gajos semi-nus azuis, é o melhor filme do ano. Pelamordeus. Só podem estar a gozar. Quem é que me convence que este filme é melhor do que o Precious? O Up In The Air?? Inglourious Basterds?! Hurt Locker?!?
Ah, mas a piada não pára por aqui. Quem é o melhor realizador? Adivinhem lá… Ah, pois é! James Cameron. Mas expliquem-me, a sério, ele fez o quê, exactamente? Imaginem-me este filme sem a equipa de efeitos especiais. Ui, de uma realização de humilhar o Fellini, queres ver? E vão dizer-me que o Cameron é melhor que o Reitman (que, recordo os menos atentos, realizou o Juno e o Thank You For Smoking)? A Kathryn Bigelow? O Clint Eastwood?? QUE O TARANTINO?!?
Já nas categorias televisivas, não tenho razão de queixa. Ganhou o Mad Men, que ouso afirmar, sem grande pejo, é a melhor série de todos os tempo; o Glee (o meu guilty pleasure do momento), o Alec Baldwin no 30 Rock, outra das minhas série predilectas, e a Chloë Sevigny no Big Love, de quem também já me confessei fã, quer dela (das mulheres com mais sentido de moda dos tempos modernos) quer da série.