Alexandre Soljenitsyne será para sempre associado com o tenebroso passado da União Soviética que, durante décadas, foi das mais poderosas nações do mundo, a custo de muito sangue inocente, à lei do terror e tantos outros episódios horripilantes da era de Estaline (e os dos que seguiram).
“Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch” (de que, confesso, apenas li excertos) revelou ao mundo a realidade do sistema soviético, através do relato do quotidiano de um recluso nos gulags, baseado na experiência do próprio Soljenitsyne que esteve preso num campo de concentração na Sibéria de 1945 a 1953, apenas por ter criticado a directrizes bélicas de Estaline. Publicado em 1962, o texto abriu os olhos da URSS e do mundo para uma realidade até então desconhecida. Foi-lhe atribuído o Nobel da Literatura em 1970, mas Soljenitsyne declinou ir recebê-lo a Estocolmo com receio de não poder regressar à URSS, que ainda assim o privou da cidadania russa e expulsou-o, tendo Soljenitsyne fugido para a Suiça e depois para os EUA, regressando apenas em 1994, após implosão da URSS.
Mas Alexandre Soljenitsyne deve também ser lembrado como o conservador ortodoxo e retrógrado que era. Defensor acérrimo da cultura eslava, foi muito duro para com a sociedade de consumo, fomentando o saudosismo (ainda até há muito pouco tempo patente) do regime comunista. Defendeu inclusive a guerra da Tchetchénia, reclamando a pena de morte para os independentistas, e era-lhe conhecido o penchant anti-semita.
A prova de que nem mesmo os mais eminente heróis são perfeitos.
A prova de que nem mesmo os mais eminente heróis são perfeitos.
До свидания, Александр Солженицын.
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