Friday 12 February 2010

É A Cultura, Estúpido!



A minha veia nerd faz de mim uma admiradora da dramaturgia da Grécia Antiga, em particular das tragédias gregas (vem-me à cabeça a brilhante reposição de Fedra, no Maria Matos, com uma interpretação divinal da Beatriz Batarda). Sendo certo que Aristófanes representa antes a Comédia Antiga, foi com entusiasmo que me decidi a pôr em prática uma das minhas resoluções para este ano e fui ontem ver o A Cidade, a mais recente peça de Luis Miguel Cintra que está agora em cena no São Luiz.
Composto por várias peças de Aristófanes, o encenador conta que “o processo de elaboração do espectáculo acabou por ser muito livre. Fui escolhendo cenas um pouco sem coerência, com o meu entusiasmo, e depois construí a peça como um puzzle”.
You can say that again. Falta de coerência é mesmo o melhor que se pode dizer da peça porque acontece que o dito puzzle, que é como quem diz o resultado final, é uma valente merda.
A peça tinha tudo para resultar mas falhou redondamente.
Os textos originais são brilhantes mas a adaptação massacrou-os e destitui-os de qualquer subtileza, humor, eloquência e qualidade. Os diálogos são básicos, brejeiros e 99% das (supostas) piadas envolvem asneiras e/ou referências a órgãos sexuais.
O encenador é conceituado mas não soube passar a mensagem para o público.
O teatro é lindíssimo mas os problemas de som eram flagrantes.
O é elenco de luxo mas não salva a peça: juntam-se os grandes nomes da Cornucópia – como a Teresa Madruga, de quem sou uma grande admiradora e que, diga-se, é a excepção do grupo e faz um grande papel – aos meninos d´Os Contemporâneos (um clap clap clap ao Dinarte Branco e Gonçalo Waddington, a minha celebrity crush portuguesa por excelência (♥!) mas que aparece pouquíssimo, infelizmente. E um grande apupo ao Nuno Lopes, a maior desilusão de todas… péssima dicção, zero inovação em relação a de papéis anteriores: onde está o Nuno Lopes do Alice?!). Esta amálgama de actores ditos “clássicos” com comediantes e protagonistas das telenovelas pretende dar ligeireza à supostamente pesada antiguidade clássica, com cenas em que deuses gregos discutem ao lado de um Bruno Nogueira a dançar de i-pod nos ouvidos, ou em que Eurípedes fala em calão… mas não funciona. Pior ainda quando Luis Miguel Cintra pretende limitar a metáfora universal a Lisboa, numa cena musical, digna de revista, com direito a marchas e faduchos populares.
A acrescer a isto tudo a peça demora nada mais nada menos do que 3h45. Para o fim já não sentia os rins, um suplício autêntico.

Desilude-me tanto que, quando tento ser defensora do teatro e produções nacionais, me deparo com desgraças desta envergadura. Não há uma coisa positiva a dizer da peça. Choca-me pensar que o Ministério da Cultura subsidia merdas destas em detrimento de outros projectos com verdadeiro talento e qualidade. É triste.

E pelos vistos não sou a única a pensar assim. Deixo-vos alguns exemplos dos comentários que os espectadores deixam no site oficial do São Luiz.

De longe a pior que já assisti no teatro. O argumento é demasiado básico (eu diria mesmo um insulto) e na falta dele a peça recorre à piada barata, ordinária e fácil em torno do tema sexualidade. Os actores tiveram que desnudar algumas partes (inclusive) menos próprias do corpo para conseguir acordar uma audiência meio a dormir (literalmente!). Além disso, no 2o balcão o som era insuficiente e muitas das falas dos actores não chegavam até lá.

Já não assisti ao resto porque declarei a peça como "perda de tempo" e juntamente com alguns amigos já não voltámos para a 2a parte. Não me arrependi pois o que ficaram até ao fim dizem que ainda conseguiu piorar. Assim, não vale a pena ir ao teatro. Definitivamente, não recomendo. Reparei que alguns alunos tinha sido recomendados para ver esta peça. Tenho pena porque foi deseducativo. Espero que não tenham ficado a pensar que isto é que é o teatro.

Nenhum teatro devia comprar esta peça. Nenhuma peça deve demorar 3H45 no São Luiz. Não sei de quem tenho mais pena: das pessoas ou dos actores.

Provavelmente a pior peça que vi. Foram 3 horas perdidas.

Crítica social? Arte? Sátira política? Quim Barreiros faz o mesmo, com muito maior eficácia. A pior peça que vi em toda a minha vida: lamentável brejeirice saloia pseudo intelectual. Pena é ver alguns (poucos) bons actores a serem totalmente sacrificados em palco, durante mais de 3h30, longas e injustificadas.

Numa palavra: horrível. Tinha tudo para ser bom: a garantia de qualidade da Cornucópia, as "caras da televisão" que garantiriam leveza aos Antigos, o S. Luiz...e o Cintra. O que se passou foi teatro de revista. Mau. Piada fácil, actores colados a registos televisivos e cantadeiras de bairro. Não se adaptou Aristófanes, estragou-se qualquer possibilidade de o fazer.

Foi sem duvida a pior peça que vi até hoje. Sem interesse, com uma linguagem incompreensivelmente grosseira sem a menor piada e encenações de francamente de baixo nível. O elenco (Maria Rueff, Bruno Nogueira, Nuno Lopes, entre outros...) não nos habituou ao que se viu. Sai antes de meio com vontade de pedir reembolso dos 20€ que paguei. Muito mau, mesmo!...

Uma das piores peças que já vi em toda a minha vida, pior mesmo que algum teatro amador com fracos recursos. Considero um roubo cobrar para ver aquilo que apelidaram de peça de teatro! Não se percebe onde começa e acaba a peça. A mensagem pura e simplesmente não passa. Foram horas e horas de tédio. Esqueceram-se que o teatro serve também para entreter o público? A sala não tinha sistema de som, mal se ouviam as falas dos actores.

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