Thursday 12 November 2009

“The dream was always running ahead of me. To catch up, to live for a moment in unison with it, that was the miracle”, Anaïs Nin.


Sou uma sonhadora por excelência, com todos os clichés que a caracterizam, os bons e os maus.

É bom porque há todo o lado romântico da coisa.
Acredito no impossível. Apesar de – com o passar do tempo e os baldes de água fria que uma pessoa vai levando – estar mais realista/pessimista, gosto de pensar que tudo é possível. Tudo. Com esforço, dedicação e coragem, tudo se consegue. Tudo vale a pena se a alma não é pequena, não é?
E na escola sempre me elogiaram a imaginação fértil, a capacidade de pensar out of the box que, creio, ainda hoje manter.

Mas também é mau.
Sou a típica cabeça no ar. Perco tudo: carteiras recheadinhas de dinheiro e documentos já foram duas, telemóveis meia dúzia, casacos e camisolas mais que os dedos da mão, chapéus de chuva então já perdi a conta…
Sou distraída, tenho o attention span de uma criança da 3 anos (quase que juro que sofre do tão badalado síndrome ADD mas que ninguém mo detectou porque, no meu tempo, isto resolvia-se com um par de berros e, na pior das hipóteses, um par de estalos).
Sou esquecida: tenho a memória de um peixinho vermelho com Alzheimer. Tenho de escrever tudo na agenda, pôr lembrete no telemóvel e escrever na mão… e ainda assim, esqueço-me.
Sou naïve, acredito em utopias e desiludo-me quando, para minha surpresa e de mais ninguém, o quer que seja não passa de uma quimera, uma ilusão… um sonho.

Ainda assim, e vendo aqui a clara prevalência dos aspectos negativos, a verdade é que continuo a sonhar acordada. E gosto disso.

Forço-me a sonhar todas as noites. É já um hábito que tenho para adormecer. Sempre tive imensos problemas de sono, desde insónias atrozes a ter um sono tão leve que acordo se cair um grão de pó. Então, para solução dos meus problemas, recorro à técnica de meditação de imaginar que estou num sítio idílico. Às vezes estou na praia, o sol a abraçar-me, a aquecer-me a pele; ouço o mar, com a orla quase a tocar-me nos dedos dos pés… Às vezes estou no campo, deitada na relva fresca, a cheirar as flores e a ouvir os pássaros… Às vezes estou no futuro, no meu futuro ideal: imagino-me a ter o emprego que sempre desejei ter; vivo na cidade onde sempre quis viver; tenho a minha casa exemplar; sou casada com o homem que sempre idealizei e temos 4 filhos (3 rapazes e uma menina) e um cão (o meu Pipas, o cão que tinha em miúda e de quem ainda hoje tenho saudades porque era o melhor cão do mundo).

O mais duro de qualquer sonho é, claro, acordar. Enfrentar a realidade que tão raramente coincide com aquele que projectamos. Porque é duro distinguir projectos, de sonho, de ambições. O que é que é plausível, possível e atingível?

Isto tudo para vos dizer que tive uma premonição.

Tive um sonho que era uma ambição que passou a ser um projecto. Ao fim de anos de andar aos papéis, sei, enfim, o que quero fazer, o que me vai fazer feliz. Acordei e pensei “Eureka!”. Fui iluminada numa espécie de wet dream intelectual. Era estupidamente feliz no sonho. Sentia-me, finalmente, realizada.
É possível que seja um capricho, que não tenha nexo, futuro ou credibilidade. Mas é o que quero agora, mais que tudo neste mundo. Mais do que as botas Hunter, mais do que casar e ter filhos, mais do que resolver o meu contencioso com a Segurança Social… É isto que quero. E é isto que vou ter.

Claro que, acordei e vim trabalhar, escrever um parecer sobre mediadores de seguros ligados e fazer uma due diligence a uma empresa de informação e tecnologia.
F*da-se que a queda doeu.

Mas agora estou a ganhar balanço para levantar voo.

1 comment:

  1. Prima quero saber tudo sobre esse novo sonho/projecto! Fiquei curiosíssima e se for fixão também quero entrar!

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