Monday, 13 July 2009

E afinal parece que não foram felizes para sempre...

Quando é que se deixa de ser criança? Quando se deixa de acreditar no Pai Natal? Quando se começa a ter responsabilidades e/ou dívidas? Quando se atinge a puberdade? Se dá o primeiro beijo ou se perde a virgindade? Quando se casa ou se tem filhos? Quando se sai de casa dos pais?…

Acredito que a criança que há (havia) dentro de mim morreu um bocadinho quando vi esta série da Dina Goldstein, intitulada Fallen Princesses que destrói uma importante parte da minha infância e substitui o imaginário doce e inocente da Disney pela dura realidade dos tempos modernos.

A fotógrafa canadiana explica que quis fazer uma reflexão sobre a forma como a Disney mostra estas princesas que, segundo ela, não retratam com fidelidade as histórias originais e que a imagem da menina vitimizada e do homem que a salva está longe de ser um bom exemplo para as crianças em formação.
Está certíssimo que os contos da Disney têm uma horrenda carga de machismo: a vilã é sempre um personagem feminino amargurado (desde a madrasta ressabiada da Gata Borralheira à velha solitária da Branca de Neve) e a heroína não passa de uma frágil donzela, de preferência com poucos neurónios para se meter numa embrulhada e só se safa porque há um príncipe encantado que a vem salvar num belo cavalo branco.
Mas daí a perturbar a formação das crianças, já acho exagero. Vi praticamente todos desenhos animados e li os livros da Disney em miúda e não é por isso que deixo de ser (julgo eu) uma mulher forte e independente, com personalidade e cabeça própria que sempre soube separar a ficção da realidade desde a mais tenra idade. E, se alguma vez tiver filhas, contar-lhes-ei os contos de fada com o mesmo encanto com o que me contaram a mim. Gosto de acreditar no “e foram felizes para sempre”, nem que seja só nos contos de fadas. É para isso que servem, para que não deixemos de acreditar no amor eterno, na felicidade, no príncipe encantado… Porque a vida real é uma merda e a fantasia um escape que nos dá a esperança de que “um dia, também eu vou viver um amor assim”.
A partir do momento em que nem sequer os personagens da Disney se livram dos males sociais, o que é que nos resta?

Posto isto, não deixa de ser uma crítica social interessante e de uma grande qualidade artística.





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