E se o 1.º de Dezembro de 1640 nunca tivesse acontecido? O que seria de Portugal hoje se tivéssemos ficado sob tutela espanhola? Teríamos perdido tudo nas Guerras Mundiais e na Guerra Civil? Ou seríamos antes uma forte e rica província de uma União Ibérica? Falaríamos espanhol ou estaríamos hoje a lutar pela nossa independência e identidade, à semelhança de uma ETA? Chamar-me-ia Cármen ou Soledad? Falaria ainda mais alto do que falo? Teríamos mantido a deliciosa tradição do bacalhau e outras iguarias tipicamente lusas?
Confesso que, não desdenhando a minha nacionalidade nem o meu país, tenho um fascínio imenso pelos nuestros hermanos e – sei que isto pode insultar muita gente e chocar outros tantos – na minha humilde opinião, o 1.º de Dezembro de 1640 foi um crasso erro que nunca devia ter acontecido. Acho que Portugal e Espanha seriam hoje um país com um potencial imenso, com uma força que nos tornaria num dos maiores players da União Europeia e nos daria um rol de oportunidades que nunca teremos, ou claramente não soubemos aproveitar, como a actual situação económica bem demonstra. Estou bem ciente de que também Espanha atravessa um período de enorme dificuldade, que tem problemas aparentemente insolúveis, tal como nós… mas continuam a dar-nos baile em tudo, em todas as áreas do mercado, na indústria, na banca, no cinema, na literatura, na moda… E cada vez que vou a Madrid penso “Tenho de vir viver para cá. Tipo, hoje.” E este feriado que passou, honrei verdadeiramente a minha opinião e fui passar o dia a Madrid. Confesso que não foi uma jogada propositada, pelo menos da minha parte, mas foi antes uma surpresa (e que surpresa! a melhor que já me fizeram!).
Depois de um dia muy típico, entre deambulações pelas largas avenidas e a lavar as vistas no Prado, o dia acabou em cheio com um concerto dos Kings of Leon, num sala com mais espectadores portugueses do que alguma vez pensei. A certa altura no concerto até se ouvia uma boa parte do público entoar sonoramente “Portugal! *clap, clap, clap* Portugal! *clap, clap, clap*”!
O quarteto de Tennesse não falhou e a família Followill provou ser uma banda rock à antiga, e isso é bom: a intensidade com que tocam as músicas é genuína e conseguem transmitir isso para o público que ontem, no Palácio Vistalgre, vibrou com a mesma energia todas as músicas, tendo sido elogiado, aliás, pelo oh so gorgeous Caleb que disse estar grato por estar perante um público consistente que não vai só ali ouvir os singles (de facto, aquela malta era fã de verdade, entoavam sonoramente todas as músicas, desde os álbuns de 2003 que desconhecia aos lados B mais obscuros). Mas, inevitavelmente, os pontos altos foram nos singles: o Radioactive (cujo o início me parece sempre o Cannonball dos Breeders!), Use Somebody e, claro, o Sex on Fire. Uma nota especial para o Back Down South e o The End a que não dei a devida importância quando ouvia o Come Around Sundown mas que são, neste momento, as minhas músicas predilectas dos KOL.
A ouvir em loop.
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