Fotografias tiradas do site da fotógrafa.
Fotografias tiradas do site da fotógrafa.
07-11: Broken Social Scene na Aula Magna
Depois...
09-11: !!! no Lux
Depois...
10-11: Vampire Weekend no Campo Pequeno
Depois...
11-11: The Drums no Lux
Depois...
14-11: The Walkmen no Coliseu
E por fim...
18-11: Arcade Fire no Pavilhão Atlântico
(Este está a priori excluido por ser na pior sala do mundo.)
Ao olhar pela minha janela esta tarde temi não me ter apercebido da passagem do tempo e estarmos já em pleno Novembro, época natalícia ou mesmo em Fevereiro do próximo ano. Ou, pior ainda, não me ter apercebido de que me tinha emigrado e trabalhava agora algures nos perdidos vales da Escócia ou no interior nebuloso da Finlândia. Ah, e que tinha reencarnado a Diana Ross nos seus tempos áureos do anos 70: a humidade faz destas coisas ao meu cabelo…
Mas, apesar do frio, confesso que estes previews do Outono em pleno Verão me dão uma enorme saudade dos longínquos tempos da escola e das férias grandes. Um dia como hoje, em que não dava para ir à praia nem brincar lá fora, era a desculpa perfeita para ficar em casa a ver televisão (que geralmente era proibidíssimo mas que, perante a eventualidade de eu e a minha irmã podermos apanhar um resfriado, Deus nos livre!, a minha Mãe lá cedia e até nos mimava com um lanche de torradas e batido de banana).
Ou, melhor ainda, aproveitava-se o mau tempo para preparar o regresso às aulas. Lá íamos ao supermercado comprar os cadernos, o estojo, a pasta… Depois, ao chegar a casa, dedicava-me a afiar os lápis (depois testava com o indicador a ver se picava, só aí estavam no ponto), a arrumar logo tudo na mochila, ainda que as aulas só começassem dentro de semanas.
Mas o meu ritual predilecto da rentrée era forrar cadernos, dossiers e agendas com recortes de revistas, anúncios, fotografias, citações, letras de músicas… Era uma patchwork de imagens e palavras que depois cobria com papel autocolante transparente, uma espécie de fita-cola gigante, que dava o toque final brilhante e perfeito às capas.
Era maravilhosa aquela sensação do caderno limpo, por estrear, decorado a gosto. Tinha, naquelas vésperas das aulas, a esperança genuína de que era capaz de tudo, que nada me era impossível: naquele caderno em branco ia escrever-se um futuro brilhante e desejado.
Obviamente que essas ilusões e entusiasmo rapidamente esmoreciam, passada a excitação de rever as amiguinhas e os “novos” que estavam na turma. Depois de uma semana de aulas, já só queríamos que chegassem outra vez as férias. E o caderno, outrora imaculado e promissor, tinha-se transformado num autêntico campo de batalha entre um lápis furioso, uma borracha demasiado tímida e uma caneta vermelha prepotente.
Apesar de hoje ser uma neat freak e obcecada por organização e limpeza (faço rascunhos de rascunhos, para terem ideia do ponto a que isto chega…), em criança era o oposto. Os meus cadernos eram nojentos: tinha uma letra ilegível, raquítica e carregada ao ponto de criar autênticas gravuras e relevos nas páginas seguintes. E como a maioria dos trabalhos de casa eram feitos literalmente em cima do joelho, já no autocarro a caminho da escola, acertar nas linhas das folhas era um verdadeiro desafio. Aliás, deve haver poucos levantamentos topográficos tão preciso quando um trabalho de casa meu: as lombas marcadas por letras estranha e esporadicamente gigantes, os declives por palavras a escorregar das linhas, as travagens por riscos histéricos, as paragens e os sinais vermelhos pelas escassas frases que caíam nas linhas…
Tinta branca era coisa que não existia e borrachas tão pouco porque, como carregava atrozmente no lápis (devia ter uma força bruta no braço direito em miúda: tenho de rever fotografias da minha infância para confirmar se não tinha o bícep sobre-desenvolvido), era impossível de apagar o quer que fosse sem deixar vestígios. Solução: riscar por cima, a carregar com igual atrocidade. Chegava mesmo a rasgava a folha enquanto rasurava os erros e tingia irremediavelmente os cadernos com blocos pretos densíssimos. E, como sempre fui apologista de que não se trabalha com o estômago vazio, ele era nódoas de leite com chocolate cada 3 páginas, outras tantas que ficavam coladas com Nutella ou sumo que pingava da fruta…
Aaaaah, bons tempos.
Como ainda não tenho filhos e não conheço ninguém em idade escolar, confesso que não sei se os miúdos de hoje ainda têm cadernos e dossiers ou se o Magalhães e outros laptops mais sofisticados vieram apagar para todo o sempre o ritual do caderno. Espero que não. Espero que os meus filhos não cresçam num mundo onde tudo se corrige com um ctrl X ctrl V, onde o começar de novo é ctrl N, onde borracha é ctrl Z, onde o único vermelho é o do corrector automático…
PS: A propósito de época natalícia e da passagem do tempo, reparei este fim-de-semana que a TVI já tem o logótipo (ou lá o que se chama ao símbolo deles que aparece no canto superior do ecrã) com decorações de Natal, com neve a cair e o camander. Enxerguem-se, pelamordeus! Já não basta serem a TVI ainda nos estão a impingir marketing natalício em pleno Agosto… Haja dó!
3. Saltos altíssimos.
O meu B.I. diz que meço uns humilhantes 1’62m. Eu gosto de pensar que tenho mais mas a verdade é que sou baixota (salvo em comparação com crianças de 10 anos e a Snooki. Aí sinto-me uma autêntica torre). E, não só por ser baixa mas porque é melhor truque para ficar com um belíssimo par de pernas, adoro usar saltos. Mas nada menos de 10cm. Saltões daqueles que pouca falta para serem andas. Muda a postura, a pose, a atitude, a confiança… Acredito piamente que uma mulher pode estar vestida com um saco de batatas mas se lhe calçarem um par de Christian Louboutain, vai ter a atitude como se estivesse envergando um sexy little number da Gucci. Mas andar com saltos em Lisboa, valha-me Deus! Já aqui me queixei de ter de fazer visitas quase semanais ao sapateiro para ressuscitar os saltos e solas massacradas pela calçada portuguesa. Já para não falar nas pedras soltas e no facto da inclinação média das ruas de Lisboa dever ser uns 45º, que nem a Nádia Comaneci conseguiria equilibrar-se. Experimentem sair ao Bairro Alto de saltos. Preferencialmente numa noite de multidão, e com uns copos a mais. Giro. Muito giro.
4. Sexy.
Há sexy. E depois há p*ta. E confesso que quando compro um vestido mais justo, uma saia mais curta ou um top mais decotado, na altura penso “Sexy!”. Visto em casa, vejo-me ao espelho e penso “que ar de p*tinha, credo!”. Uma vez que fui sair à noite em Milão com uns calções curtos – está bem, muito curtos – que comprei depois de os ter visto nas esguias pernas da Chloe Sevigny. Sentia-me uma freira ao lado das voluptuosas e sensualíssimas italianas que estavam borderline nuas. Repeti o kit uma noite de verão no ano passado em Lisboa e, ao subir a Rua do Norte, vira-se um homem e diz-me “Bom trabalho!”. Foi das frases mais humilhantes que já ouvi e escusado será dizer que esses calções estão religiosamente guardados desde então.
5. Kitsch.
Acho que – a par do girly-romântico – é o meu estilo predilecto: o retro-look à Elaine do Seinfeld, as cores berrantes dos idos anos 90, lantejoulas, correntes douradas, Birkenstocks, calças com pregas à frente… Quem diria que alguma vez vestiria estas roupas que dantes tanto odiava (e gozava, nos serões a ver antigos álbuns de família, quem os tivesse usado). A verdade é que quando, há umas semanas, vesti umas sandálias de salto com a bela da soquete, fui tão gozada pelos meus amigos e apelidada “pé de gesso” o resto da noite, nunca mais ousei tal combinação. Não valia a pena retorquir que eram uns ignorantes e bastava estar minimamente atento à Vogue e aos blogues streetstyle para perceber que era o último grito da moda: a coragem dissipou-se e voltei ao look “soquete-free”.
6. Cliché.
Sem prejuízo do atrás dito sobre seguir a moda e não pretender ser uma trend setter, também não gosto de ser pretensiosa nem cair num cliché. E muito menos usar roupa que vejo em miúdas de 14 anos. Tenho o dobro da idade delas, logo devia ter o dobro de tecido e, pelo menos, o dobro da dignidade. Ao encomendar na net, então, acontece-me invariavelmente: esqueço que as modelos hoje em dia têm pouco mais de 15 anos. Elas ficam risque: eu fico ridícula…
Serei a única a viver este drama fútil?!
Este terá sido, supostamente, o último vestido que o Alexander McQueen desenhou. Sem grandes surpresas é lindo... de morrer. (Um bocadinho de humor negro para acabar o dia, hein?!)