Friday 14 August 2009

Se os meus oficiosos fossem tão giros quanto o John Dillinger, nunca tinha acabado o estágio…


Todos nós gostamos do filme em que o ladrão é o bom da fita. Sentimos que também nós, reles espectador e cidadão cumpridor, somos uns fora-da-lei, rebeldes e aventureiros. Apaixonamo-nos pelo Bonnie & Clyde, sem esquecer o Henry Hill do Goodfellas e, claro, o grandioso Don Vito Corleone. Queremos viver, nem que seja por umas horas, com aquela adrenalina e luxo à la Sorpano.
O recém-estreado biópico sobre o John Dillinger, inspirado no livro do historiador e jornalista Bryan Burrough “America’s Greatest Crime Wave and the Birth of the FBI”, não é diferente.
No Inimigos Públicos, Michael Mann retrata John Dillinger como um herói que lutou contra o sistema pervertido pela Grande Depressão dos anos 30. Ele era o Robin dos Bosques de Chicago, com uma incrível e precoce noção de marketing e de cuidado da imagem junto do público que o idolatrava e apoiava na revolta generalizada contra os bancos, por serem responsáveis pelo crash de 1929.
Ao contrário dos outros gangsters da altura, especialmente o irritantíssimo Baby Face Nelson, Dillinger era um homem com classe, inteligência e paixão, quer fosse a roubar bancos ou o coração da Billie Frechette (uma interpretação razoável da Marion Cotillard que, confesso, ainda tenho alguma dificuldade em dissociar do papel da La Môme).

As verdadeiras pérolas do filme são os protagonistas masculinos.
Christian Bale, no papel do agente do FBI Melvin Purvis, apesar de ser o adversário do nosso herói, consegue conquistar a simpatia do espectador, com os melhores fatos do elenco e um irresistível sotaque de Illinois.



E claro, o Johnny Depp. Aaaaah, o Johnny Depp. Voltei a ter 13 anos no cinema ontem: voltei a apaixonar-me por aquele que é provavelmente dos homens mais perfeitos que alguma vez caminharam sobre a terra. Reacendeu a chama da paixoneta que começou com o 21 Jump Street, nos tempos da escola em que faziam colagens nos cadernos de imagens dele no Benny & Joon e no Gilbert Grape.


O filme ganha ainda com a banda sonora, que vai desde os banjos típicos dos anos 30, a fazer lembrar o Oh Brother Where Art Thou, ao jazz sedutor da Billie Holiday, passando pela música principal do filme, o divino Bye Bye Blackbird.




E o meu lado fashonista não resiste em comentar ainda o guarda-roupa do filme.
O Johnny Depp tem os melhores óculos do mundo e fica tão irresistível com o sobretudo invernoso com que abre o filme, como com o fato branco e chapéu de pala que veste na cena final.



A Marion Cotillard usa, numa das cenas em Miami, um chapéu absolutamente divino que já ando a tentar descobrir onde se vende!

Por fim, a título de curiosidade: os chapéus de feltro usados no filme são da fábrica Fepsa, de São João da Madeira. E assim conseguimos sempre a ligação, por mais remota e menos digna que seja, ao êxito do momento: desde o cão do Obama aos acessórios do Johnny Depp. Tuga power.

3 comments:

  1. Bela análise do filme! Pena ser só da indumnetária... Ai o meu Johnny Depp - casava-me já com ele e iamos viver para El Vale da Borra. Beijos do homem do bigode, que já teve pêra e até mesmo barba grossa.

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  2. P.S. Já agora é Cottiard ou Cotillard? Beijos do Homem já sei bigode

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  3. Cotillard, claro! Corrigido o lapso! obrigada, anónimo!

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