Friday, 13 February 2009

Até o estupor do pinguim tem pretendentes…

Amarga, eu?! Nãããã…

Odeio pura e simplesmente o dia dos namorados quando estou solteira. É uma aversão visceral. Quando tenho namorado, não ligo especialmente mas quando não tenho namorado, abomino e de que maneira.
O dia de São Valentim é um dia negro para quem não tem namorado, não há volta a dar. É um dia em que basicamente os casais apontam o dedo para os solteiros e riem-se de nós, marginais desta sociedade feita para casais apaixonados, põe o dedo na ferida e relembram-nos “este dia não é para ti porque ninguém te ama”. O vento parece sussurrar “looooooser”, começamos a ponderar ver panfletos sobre a adopção por famílias monoparentais e sites de encontros online… Quem diz o contrário mente com todos os dentes que tem na boca.
Usa-se muito a desculpa que se ouve da boca dos forretas na altura do Natal: “isto é tudo uma fantochada, é só para o negócio, não é mais do que uma campanha para as lojas fazerem dinheiro”. Tudo bem, não o nego: as lojas de lingerie (para os mais atrevidos), de peluches (para os mais parolos), de cartões (para os mais avarentos), de jóias (para os mais generosos), de chocolates e flores (para os menos imaginativos) e os restaurantes (para os mais gulosos) devem esfregar as mãos com a chegada do dia dos Namorados. Começa a ouvir-se o “kerchiiing!” das máquinas registradoras logo nos primeiros dias de Fevereiro. Mas, quer seja por motivos comerciais ou outro, no dia 14 de Fevereiro não se pode ir jantar fora sem ser aos pares, não há mesas sem ser para dois e até o McDonalds fica à luz das velas e põe Barry White e Marvin Gaye a tocar. Onde quer que olhemos, há corações, bouquets de rosas vermelhas, ursinhos a abraçar almofadinhas a dizer “amo-te”, diplomas para o/a melhor namorado/a do mundo… Os filmes de acção e comédia deixam sorrateiramente as salas de cinema e de repente só há “O Diário da Nossa Paixão” ou o “Love Story”.
E porque estou (i) sem namorado; (ii) farta de estar sem namorado; e (iii) convidada para 8 casamentos este ano… outra vez, deixo-vos com a minha interpretação do amor e das relações por estes dias.
Bom f-d-s!




Wednesday, 11 February 2009

O Amor Fechou a Loja

E porque estamos em vésperas do Dia dos Namorados, redescobri esta crónica já tão antiga do MEC mas que mantém ainda hoje – talvez mesmo cada vez mais – toda a relevância.
Para reflectir:

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “'tá tudo bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também”.

Friday, 6 February 2009

Music is enough for a lifetime, but a lifetime is not enough for music

À excepção do novo (e divino) álbum dos Animal Collective, ainda não passei o reveillon musical e continuo a saborear as melodias de anos idos, designadamente estas que vos deixo em tom de “ide em paz e tende um excelente fim-de-semana”.







Fashions fade, style is eternal

O Look Book é o que o nome indica: um book virtual em que qualquer ilustre desconhecido é modelo: basta mandar uma fotografia do look e partilhá-lo com o mundo.
É um site cansativo, longe de ser uma referência de entre os excelentes sites de moda que proliferam na Internet. Ao fim ao cabo, é tudo um bocado mais do mesmo: montes de miúdos com cortes de cabelo à Facto, que pesam 30 quilos e se acham únicos, originais e rebeldes quando, na verdade, basta fazer scroll e ver milhares de fotografias iguais, com miúdos iguais, roupas iguais, poses iguais e expressões iguais.
Não obstante, é um site que entretém e que, de quando em vez, tem lá uma pérola, umas combinações interessantes e mesmo umas fotografias de qualidade artística.
Fiquei fã, por exemplo, deste look que, apesar de não ser propriamente inovador, tem muita pinta, é muito usável e imitável.



Ainda a propósito de moda, a belíssima, talentosíssima e indie-íssima Chan Marshall, aka. Cat Power, depois de ter sido a imagem de uma campanha de jóias da Chanel e iluminado o ecrã nos poucos minutos em que aparece no My Blueberry Nights, é agora a estrela da campanha Primavera/Verão ’09 da Red Tab Girls da Levi’s, uma colecção com inspiração assumidamente seventies, tanto nos cortes das calças como nas lavagens.
Em breve vermos esta imagem espalhada pelas lojas Levi’s: